sexta-feira, 30 de maio de 2008

O meu instante seu. Nossa eternidade...

O meu instante seu. Nossa eternidade...

(Antônio Pompéia)

Você me ganhou em um instante,

Como quem se rende no último suspiro,

Conhecendo a eternidade,

Num olhar paralisante,

Onde não há forças para lutar contra

E onde há paz por ser vencido.

O meu instante seu,

Suficiente para ser para sempre...

Antônio Pompéia, 15 de Maio de 2008 – 1:38 da madruga...

Amor

Amor

(Antônio Pompéia)

Amo-te de paixão...

De amor mais que amor,

De carinho que faz esquecer dor,

De sua presença que afasta fantasmas,

De seu sorriso que me traz graça e alegria,

De seu abraço que conforta,

De sua pele que me aquece,

De seu cheiro que me encanta,

De seu corpo que me faz lembrar que em mim mesmo está você...

Um beijo seu cessa o pranto,

Seu olhar se faz encanto,

Sussurrar é poesia

Quando você me detém em estrofes

Escritas em suas mãos.

Antônio Pompéia, 15 de maio de 2008 – 1:22 da madruga...

Amanhã...

Amanhã

Um lamento de hoje que não servirá para outro dia.

(Antônio Pompéia)

Amanhã é o dia em que o preguiçoso acordará em si mesmo e começará a trabalhar,

Amanhã é o dia em que ninguém deverá esquivar-se ou se esconder do que clama,

Amanhã é o dia em que devemos nos sentar e escrever

Aquelas cartas de amizade nos quais pensamos na noite que passou.

O dia em que seremos amáveis e seremos bons,

Amanhã é o dia em que viveremos como devemos.

Amanhã é o dia em que nossas dívidas serão pagas,

Quando ninguém sobre esta Terra cometerá os mesmos erros novamente,

Amanhã é o dia em que os maus se arrependerão; se contristarão pelos seus feitos.

O dia em que o tirano sem misericórdia será imparcialmente piedoso e sua ira abrandada,

Amanhã é o dia do milagre que tantos esperam ter,

Quando ninguém mais terá fome de conforto ou de alegria.

Amanhã é o dia em que o avarento se tornará bom samaritano,

O egoísta em amigo sincero e despretensioso,

O dia em que o homem ocupado terá tempo para brincar com seus filhos,

Será o dia em que um ajudará o outro que está lutando para levantar-se,

E o grande dia de reflexão para quem nunca parou para pensar no valor do instante,

E os alcoólatras, de beber a própria vida, cessarão junto com a dor das feridas abertas.

E então será o dia, o grande dia, o dia de tomar o cálice da alegria da vida.

Amanhã será o dia em que os tolos tornar-se-ão sábios,

O dia em que cedo se levantarão os doentes de seus leitos de morte,

O dia em que os rudes se tornarão gentis, e falarão com brandura,

O pecador será chamado de santo e as aparências trocadas pela essência,

Os amargurados não mais se queixarão,

E o espetáculo do amanhecer e entardecer será tido como um momento de adoração,

Fazendo reverência ao Criador que se assentará no trono do coração de cada um.

Essa utopia é alcançável se cada um desejar que o amanhã se torne em hoje,

E o hoje é agora...

A oportunidade de fazer o bem,

De não deixar para amanhã a cura que ressuscita hoje,

Que limpa as lágrimas que caíram e que desenha sorrisos nas faces enrugadas.

Viva hoje como se o amanhã pudesse não chegar.

E pode ser que não chegue.

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 19 de Junho de 2007, 14:41, tentando montar meu quebra-cabeça de mim mesmo.

sábado, 24 de maio de 2008

Coração Versos Alma

Coração Versos Alma

Antônio Pompéia

Desde que me entendo por gente

Entendo que não consigo entender muita coisa

Além do que meus olhos podem ver.

Mas para entender o que se vê,

Entendo que se deve ter além de olhos, alma.

Além de alma, coração.

Além de coração, sonho.

Além de sonho, fé.

Além de fé, esperança.

E além de esperança, amor.

Porque sem amor, nada funciona.

Quem entende o amor, entende tudo.

Desde que me entendo por gente

Entendo que não consigo entender muita coisa

Além do que meus olhos podem ver.

Sei que o amor não se vê, se sente.

Mas quando se sente, então se pode ver.

Quem conheceu o amor, já começou a entender muita coisa...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 24 de Outubro de 2007, 15:58 - Num dia de Dilúvio e céu de bronze...

Morto-Vivo

Morto-Vivo

(Antônio Pompéia)


A surdez dos seus ouvidos não faz mudas minhas palavras.

A omissão do coração não anula minha vontade de viver.

Porque de surdo se fazem ídolos enquanto eu vivo.

Porque de inerte se fazem mortos enquanto eu continuo amando.

Antônio Pompéia, 15 de abril de 2008 – 20:15 de uma noite de alma desértica...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Sociedade dos Poetas Mortos

A Sociedade dos Poetas Mortos - Para quem quer a alegria da Vida.

(Antônio Pompéia)

"Carpe Diem". Colha o dia! Aproveite o dia como se ele fosse uma rosa desabrochada ou um fruto que chegou ao ponto maduro, e que, amanhã, estará podre ou seco. A vida deve ser vivida. A vida acontece. Amanhã será tarde demais para muitas pessoas pensarem, falarem, fazerem. Assim começa o desenrolar do enredo de um filme que, para quem assistiu, é, talvez, classificado como um dos mais brilhantes momentos da história do cinema na década de 90. E todo desenvolvimento da estória do filme aponta para uma emergência nos dias em que vivemos: a necessidade de haver libertação para a alma do homem.

Sociedade dos Poetas Mortos é, em princípio, uma história que revela uma escola rígida e que conta com seus pilares para mantê-los firmes ao que querem entregar ao mundo e ao mercado humano: Tradição, honra, disciplina e excelência. Nada de errado até o momento em que tira de cada aluno o direito de pensar, refletir e ouvir seu coração. Não há possibilidades de se dirigir à liderança, pois o sistema ditador os impedem de serem ouvidos. Lembra-me o refrão de Chico Buarque na canção em que ele clama ao Pai que afaste o cale-se, ou seja, a ditadura que sufocava a voz do povo, dos oprimidos, dos injustiçados, dos sem poder contra os poderosos sem pudor.

Então, como um vento impetuoso, vem o coração do filme: a poesia e o uso das palavras para mudar o mundo. Lênin dizia que idéias e palavras são mais perigosas do que qualquer arma que se possa imaginar. E tudo isso está a nossa disposição. O único antídoto para silenciar uma revolução nas massas e no mundo é a passividade do homem de mudar, a embriaguez da razão e o aniquilamento da expressão do ser que vive em cada um. Cria-se um mundo maquiado e de falas decoradas em cenografias e tomadas escritas pelos homens.

A solução é o refugio numa caverna escondida dos olhos de todos. Uma lamparina ou lanterna servem para promover luz para a leitura de poemas que acordam e encantam sentimentos adormecidos em algum lugar nos corações dos que sonham com a liberdade. Até que vem à concepção da esperança e um novo horizonte os faz olhar para o eterno envolvido pelo amor, pela emoção, pelo milagre da vida e pelo mistério do ser humano na batalha consigo mesmo.

Como todo grito de liberdade é considerado como rebeldia pelos opressores, a morte de alguém inocente abre as portas para a expressão sincera. Quem não podia dizer, teve forças para gritar. Quem não podia expressar sentimentos, teve coragem para chorar. Quem não podia morrer, recebeu uma chance para viver. O que fez minha alma sonhar neste filme foi a proximidade do sentimento religioso com a poesia. Aonde se pode ver poesia, eu sempre vejo Deus e, onde eu vejo Deus, certamente a poesia faz sentido. E até onde se pode fazer sentido, o homem tem sentido Deus cada vez mais longe. O erro é negligência e auto-suficiência humana.

Causa espanto ao desavisado a ponte que liga entre a abissal distância entre o homem e Deus nesse mini-ensaio poético literário. O poema no homem é o verbo encarnado na verdade recebida pela inspiração encantadora e milagrosa, e por que não mágica, de Deus pelo Espírito quando recitamos nosso amor em poesias que, sem burocracias, se tornam preces que, sem legalismos, são poemas jorrados das escrituras bíblicas. Deus se fez carne para recitar versos de amor á sua criação. E, aprender a viver, mesmo que custe tudo, vale a pena. Porque depois de tudo, quando em um último suspiro, cada um terá a alegria da paz quando ver que reteve o que era bom e recitou a outros.

Fazemos nossas vidas extraordinárias quando vivemos para o que fomos criados. Ler os evangelhos é ler poemas que fazem brotar poesias em minha alma. Por isso há riso. Por isso há lágrimas. Por isso há esperança diante do desespero. Por isso há paz em mim. Porque nada de mim é vivo senão antes for morto. E todo poeta tem que morrer em si mesmo para oferecer uma ode a Deus.

"Pegue seus botões de rosa enquanto pode. O tempo está voando. A estas horas, flores que hoje riem, amanhã estarão mortas".

Então, para sabermos que cada dia deve ser visto como uma chance de cruzarmos a ponte que nos separa de Deus, devemos lembrar que vem a hora que nossas vidas serão colhidas. Exale seu perfume. Entremos em nossas cavernas escondidas de nossos corações e reavivemos os sonhos. Acendamos a luz para que possamos varrer a casa. Abramos as janelas e deixemos o vento soprar e ventilar o interior. Permitamos, então, que jorrem rios de água viva depois de ter entrado no rio da vida.

Tudo faz sentido quando se busca o sentido de tudo.

- "E o que faz sentido?"

- "Busque!"

- "Onde?"

- "Olhe!"

- "Onde?"

Tudo o que precisava ser pago, foi pago. Ele deu as mãos e os pés para serem cravados. No perdão brota a paz. E na paz há cântico, ainda que esse cântico seja incompreendido. Todo salmo é um cântico. Todo cântico vem da alma. Toda alma que canta louva a Deus. Ele morreu poeta e reviveu pela força da poesia do amor. Todos os que louvam a Deus são poetas que morreram e tiveram a vida devolvida no sentimento oceânico do amor recitado na cruz.

Que possamos poetizar como mortos que ganharam vida pelo encanto da palavra viva da Vida.

Carpe Diem!

Abraços, enamorado por Deus,

Antonio Pompéia, Rio, 13 de Julho de 2006 - 12:03 h