quarta-feira, 25 de junho de 2008

Uma Graça que me torna Feliz

Uma graça que me torna feliz.

Antônio Pompéia

- Plaft!

Veio como uma onda que bate forte nas costas enquanto se olha para a areia da praia com a sensação de desolamento como de quem vê uma cidade em ruínas. Inesperadamente, tomado pela beleza da esperança, um homem sonha enquanto a força desta onda o leva de volta a terra firme da utopia da vida. A força desta se repete como um mantra, seguida vez após vez como se o próprio mar se levantasse para recitar um cântico de louvor ao Criador. E esta força é cheia de graça, aquela que lhe torna feliz.


Um novo suspiro. Uma janela se abre e a luz dos seus olhos a convida para uma sala e, repentinamente, sem aviso prévio, ela se instala em seu coração, sem que antes ele pudesse respirar. Um novo suspiro. Agora de paz. Uma paz maior que se assemelha a mãe que procura o filho perdido na multidão, e que, abraçando-o em meio às lágrimas que regam as boas sementes, não se cansa de recitar versos de amor embalados pelos braços e confirmados pelos lábios e o calor do coração.


A aurora veio como um sorriso nas trevas. Aquela sensação de abandono parece ser sufocada pela emoção não mentirosa da presença dela. Engravidado pelas palavras que ela sussurra em seus ouvidos, ele gera a vida novamente em si mesmo e, imarcescivelmente, as cores e os perfumes das flores permanecem eternas embriagando como Absinto um milhão de beijos elétricos.


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 26 de Julho de 2007 - 17:23 da Tarde chuvosa, fria e tétrica, mas poética...


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Das tripas, coração...

Das tripas, coração...

Antônio Pompéia

“Das tripas, coração”. Adélia Prado, inspirada, poetizou um dito popular. Encantou com palavras uma expressão que faz sentido a vida. Ser capaz de transformar as vísceras em expressões de amor. Isto é coisa de quem sabe o que é poesia, de quem fotografa jardins com olhos da alma quando tudo é sequidão ou, ainda, de quem consegue pintar a beleza diante do caos quando, nas entranhas do próprio ser, as cores já se tenham desbotado ou se perdido no fim de um dia soturno.

Das tripas, coração. A intensidade do amor confesso é externalizado, por muitas vezes, do íntimo de um coração apertado, esmagado pelas prensas psicológicas e ferido por causa da frieza dos ventos que sentem quem é deixado do lado de fora, ou na maioria das vezes, de lado.

Das tripas, coração. É a lágrima que rola com sentimento de não esperar nada em troca. E a lágrima rola, não por causa de uma esperança não alcançada, mas por causa da alegria de se fazer por esperar que alguém, além de si mesmo, viva mais.

Das tripas, coração. Do jardim para a cruz. Da cruz para um canto frio. Mas quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feita pelo coração? Assim cantava o poeta... E assim, o grande Autor das coisas feitas pelo verdadeiro coração que se move de intima compaixão, fez brotar água em olhos que estavam sedentos de esperança. A noite pode durar uma vida de choro, e a morte pode durar três dias, mas o sal da dor será vertido em riso, porque serão limpos, de todos os olhos, todas as lágrimas.

Das tripas, coração...

Antônio Pompéia. Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2008. 1:41 hrs. de uma noite fria, de ventos gelados, e de tripas e coração.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Este Silêncio de Você...

Este silêncio de você...

(Antônio Pompéia)

É como se não houvesse mais pássaros,

Pois o canto cessou,

O riacho secou,

E o sol se esqueceu de se por.

Este silêncio que me enjaula

Que mumifica-me com ataduras de saudade,

Que de tão só, grita e agoniza pela sua companhia.

Este silêncio de você.

É como querer contar estrelas não tendo céu,

Buscando brilho onde as cores se escondem,

Onde me vejo em mim mesmo,

Quando em mim mesmo reina,

Este silêncio de você.

Traduzindo,

Hoje eu sinto saudade.

Rio de Janeiro, nas primeiras horas de 5 de Maio de 2008 – 2:47 hs.