Das tripas, coração...
Antônio Pompéia
“Das tripas, coração”. Adélia Prado, inspirada, poetizou um dito popular. Encantou com palavras uma expressão que faz sentido a vida. Ser capaz de transformar as vísceras em expressões de amor. Isto é coisa de quem sabe o que é poesia, de quem fotografa jardins com olhos da alma quando tudo é sequidão ou, ainda, de quem consegue pintar a beleza diante do caos quando, nas entranhas do próprio ser, as cores já se tenham desbotado ou se perdido no fim de um dia soturno.
Das tripas, coração. A intensidade do amor confesso é externalizado, por muitas vezes, do íntimo de um coração apertado, esmagado pelas prensas psicológicas e ferido por causa da frieza dos ventos que sentem quem é deixado do lado de fora, ou na maioria das vezes, de lado.
Das tripas, coração. É a lágrima que rola com sentimento de não esperar nada
Das tripas, coração. Do jardim para a cruz. Da cruz para um canto frio. Mas quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feita pelo coração? Assim cantava o poeta... E assim, o grande Autor das coisas feitas pelo verdadeiro coração que se move de intima compaixão, fez brotar água em olhos que estavam sedentos de esperança. A noite pode durar uma vida de choro, e a morte pode durar três dias, mas o sal da dor será vertido em riso, porque serão limpos, de todos os olhos, todas as lágrimas.
Das tripas, coração...
Antônio Pompéia. Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2008. 1:41 hrs. de uma noite fria, de ventos gelados, e de tripas e coração.
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