sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Aviso-Prévio

Não assustem com o teor e o interior de alguns textos recentemente postados... Ver poesia e arte é uma arte...

Abraços,

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 31 de Outubro de 2008, as 11:14 da manhã de uma Sexta-Feira com cara de chuva...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Das Entranhas

Das Entranhas
(Antônio Pompéia)

Veio de maneira visceral.
O desejo tomou forma como um impulso vindo das mais profundas entranhas.
Um sentimento vivo, não planejado, que pariu a certeza em meio as angústias do sim ou do não. A força do desejo o fez pensar em cair de joelhos para abraçar aquela que o receberia por inteiro e com volúpia escancarada. Suas expressões se tornaram verdadeiramente destituídos de escolhas enquanto tudo naquele exato momento lhe parecia ser imarcescível. E era.
A sensação da dor e da agonia seria seguida pelo alívio com sons que ecoariam no vazio do espaço em melodias desconexas e harmonias mudas. Não era a sua primeira vez. E ele sabia que também não seria a última e, por isso, teve pressa em correr contra o tempo e perguntar:
- Onde posso vomitar?

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 09 de Junho de 2008, 16:53, durante uma aula de filosofia, em uma Segunda-Feira que começou cansada...

Exumação de Mim Mesmo!

Exumação de Mim Mesmo

(Antônio Pompéia)


Arranca pedaços de mim mesmo e diz que faz parte de mim?

Arranca fibras do meu coração e diz que mora nele?

Arranca lágrimas da minha alma e me oferece lenço para enxugar meus olhos?

Arranca sonhos dos cemitérios do meu espírito para depois me cremar?

Arranca minha solidão para me deixar mais sozinho agora?


Exumo a mim mesmo para buscar a vida de volta...


Eu sei que preciso arrancar o que me fez viver e morrer... Mas até agora estou sem forças de dizer, de fazer, de levantar os olhos...


Ainda estou em pedaços

Com o coração partido

Com os olhos molhados demais

E me encolho no meu túmulo, novamente...

Sozinho...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 27 de Outubro de 2008, 12:14... com tudo isso o que escrevi multiplicado por mil...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Sonhador Nos Campos de Extermínio

O Sonhador Nos Campos De Extermínio
(Antônio Pompéia)

Vivemos em um mundo de vale quanto pesa.
Vale quando pesa a carteira?
Vale quanto pesa a beleza?
Um mundo de vale tudo para alguns que não valorizam,
A não ser e às vezes nem a si próprio, e nada mais.
E muitas vezes não sabem disso.

Vivemos num Campo
Campos dos Sonhos
Num campo onde se matam sonhos
Exterminam-se flores,
Em campos que morrem...


Vivemos em Campos,
Com agricultores, doutores,
Que por vezes matam flores que exalam...

Sentirão falta de flores que exalam?
Quando acordarem...
Sim,
Quando acordarem...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 12 de Junho de 2008, começo de uma quinta-feira como todas as outras para flores mortas... 3:38 hrs...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

De repente, canto...

De repente, canto...
(Antônio Pompéia)

Quantas vezes levantei meus olhos à procura de uma nuvem
Que viesse me encher de esperança para ver novamente algo regar a terra seca consumida pela seca da tristeza.
Quantas vezes levantei a voz e busquei forças
para o canto que estava preso
Se desprendesse em melodia de uma cantiga esquecida...
Quantas vezes levantei com vontade de deitar,
Quantas vezes sorri com vontade de chorar,
Quantas vezes orei com vontade de calar,
Quantas vezes...

E de repente, não mais que num instante...
Veio a chuva e devolveu-me a paz;
Veio a água e matou minha sede;
Veio o ânimo da alma e a fez cantar,
E de repente, não mais que num instante...
Eu vi a harmonia do céu e a terra dentro do meu coração
E me lembrei do som da voz da alegria ecoando...

Agora me levanto e quero estar,
Agora meu choro é de alegria,
Minha oração já não é lamento
E sim, motivo de contento
E canto a cada instante por estar perto de ti...

Os dias e o tempo podem levar tudo o que sou
Mas jamais poderão apagar
O que ganhamos,
O que vivemos,
O que amamos.
Eu vivi,
Eu amei...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 16 de Outubro de 2008, às 2:20 da madruga, e eu aqui pensando em como dizer o quanto é precioso o estar ao lado de quem me devolveu a vida e a graça nela...


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Queimando Pontes

Queimando Pontes
(Antônio Pompéia)

É a grande surpresa da verdade que se busca
Encontrada a cada instante que se respira.
Cada passo é uma decisão
De vida para o que há de vir a ser...
E de morte para o que já se foi...
É o atravessar da ponte que nos separa
Do passado e do futuro
E que aponta para o dia de hoje.
Ação.
Até papagaios podem falar,
Repetir textos decorados
Para agradar quem lhes rouba a liberdade.
Queimemos a ponte que ficou para trás
Para que não haja meios de fuga
Para o que nos amordaçava com as cordas do medo
Não tenha mais força para nos fazer voltar.
Marchemos.
Enfrentemos.
Lutemos.
Para que então possamos ver
Que a alegria vem com a liberdade
Que a liberdade vem com a força
Que a força vem com a alma
Que a alma vem com o amor
E que amor
O amor...
O amor supera tudo.

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 06 de Outubro de 2008, 3:48 da matina... Ouvindo Segredos de mim mesmo e pensando nas pontes que incendeiam atrás de mim...

domingo, 5 de outubro de 2008

Sete Palmos

Sete Palmos
(Antônio Pompéia)

Queria ter forças para crer que
A liberdade está tão perto
A paz está mais ainda
Que Sete palmos me esperam num abraço
Para onde vou de onde jamais deveria ter saído

Queria ter forças para poder não gritar mais
Para poder calar meu rosto
Para poder falar como quem fala com pedras
Para saber fazer o que preciso e não sei
Como eu gostaria...

Se eu pudesse ser quem você gostaria...
A esperança jaz na decisão de quem a tem...
Se eu pudesse ser quem você gostaria...

Antônio Pompéia, 05 de Outubro de 2008, 16:03, como quem tem um pássaro cantante nas mãos e as abre dando liberdade para que o seu vôo e canto sejam eterno...

PS: Meus braços medem 3,5 palmos cada um. Quando esticados para abraçar alguém que amo pode-se entender via lógica: 3,5 palmos + 3,5 palmos = 7 palmos...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Incrível e Maravilhoso Mundo dos Homens de Plástico

O incrível e maravilhoso mundo dos homens de plástico
(Antônio Pompéia)

Escondidos em guetos dentro de uma cidade perdida,
Homens e mulheres,
Habitantes e fugitivos de seus próprios labirintos,
Feitos como fortalezas,
Despedem-se uns dos outros,
Esperando que a noite seja calma,
E que os sonhos tomem vida durante o sono...
Lá fora o vento assovia uma canção tétrica
Assombrando e fazendo lembrar os dias
Em que cada um sonhava em ser um só
Acreditando que poderia haver calor na carne e na alma
Coração além da razão,
Mas a mecânica da força
E a força da máquina subiram no pódio.
Os que queriam ter alma
Eram tidos como fracos
Quem tinha coração era tido como perigo para a cidade de pedras
Porque o mundo era dos homens de plástico
Que não sabiam a melodia da canção do amor
Que não queriam a delícia da alegria de vida
Que não podiam ver que o plástico não tem gosto,
Que não podiam sentir que os olhos que melhor vêem,
Vêem não fora, mas dentro...
Homens de plástico não choram...
Homens de plástico não sonham...
Homens de plástico não amam...
Homens de plástico não sabem cantar...
Mas de que importa?
Se no mundo dos homens de plástico
Tudo é maravilhoso porque se moldam conforme o que querem ter
E não conforme o que desejam ser...
No mundo dos homens de alma
Os sentimentos são vivos e não há vergonha em declarar paixão
A esperança ainda que calada move as montanhas do medo
E faz da noite um motivo de canto e de encanto pelo dia que vem
Fazendo de cada dia um dia especial para celebração da vida...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 02 de Outubro de 2008, 3:36 – sonhando, cantando e sentindo o coração aquecido...

Barcos

Barcos

(Antônio Pompéia)

Aonde os barcos vão

Com seus capitães?

Noite escura

Mar revolto

O único ruído

Vem um som

Do céu do coração

Que precisa ser vivificado

Vela acesa

Única luz

Barco e lua

Lua e rede

Rede e peixe

Que sustenta a vida

Que mantém esperança

Esperança que também move o barco

Move capitão

Move a vida da mulher do capitão

Que o permiti entrar no abismo

Que o permiti enfrentar as trevas

Que entra com a esperança de voltar

Com algo para a vida

Que seja ela então estendida

Por causa da esperança que arde no peito

Pela fé esquecida jamais

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 02 de Outubro de 2008, 10:04 – porque é nas pequenas batalhas que se vencem grandes guerras... A estratégia da vida é saber discernir o que é, do que pode vir a ser e o que já foi...