Acróstico da Alma
(Antônio Pompéia)
Diante de tantos abismos,
De aparentes infindáveis vales,
De sol que se demora no outro meio do dia em meio à noite da alma,
De horas intermináveis de uma viagem insólita em desertos.
Onde se busca um abrigo, uma fonte, um momento de descanso,
Onde se possa fechar os olhos e molha-los sem medo,
Onde se possa cantar um hino em absoluto silêncio,
Onde se possa ouvir o Eterno Antes, Além e Agora, além dos ditos que emudecem em ritos.
Recitando versos que parecem mortos em busca da melodia da vida,
Regando jardins secos com águas de sal,
Reerguendo-se a cada dia com a força que não tenho,
Reconhecendo aquilo que em mim era desconhecido.
Ando.
Aonde vou?
Ainda não veio.
Ainda sigo porque é.
Retorno à vida.
Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 17 de Outubro de 2006. 14h23min.
Nenhum comentário:
Postar um comentário