sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sintomas do Cristianismo

Sintomas do Cristianismo
(Antônio Pompéia)

“Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus”. (Atos 4:12)

“Diga-me com quem tu andas e direi quem tu és”! Este adágio popular expressa algo que evidencia o modo de vida que alguém tem levado mediante as suas companhias. Quem anda com sábios, mais sábio ficará. Quem com tolo anda na tolice fincará seus pés. No caso de Pedro e João, era notório o testemunho do qual davam, pois as pessoas conheciam como eles eram antes de estar com Jesus, e de iletrados e indoutos, agora falavam com ousadia e eloqüência acerca da Palavra de Deus.

Olhando existencialmente para a vida, sabemos que há em todas as etapas momentos em que estamos mais suscetíveis a mudanças, ainda que pareçam difíceis de começá-las. Mas a grande pérola do cristianismo é a que caracteriza a transformação do ser humano não estética, mas da ética e da consciência espiritual. É como estar caminhado para o Sul e se der conta que o Norte é em sentido contrário e, por escolha pessoal, se volta para o lado certo e reinicia a caminhada. Isso se chama arrependimento, que em grego quer dizer “metanóia”.

Como qualquer homem, Pedro e João tiveram problemas e dificuldades como todos os outros. Há quem tenha que lutar contra a mentira, outros contra a demasiada paixão por alguma substância e, outros ainda por algum hábito que não é nobre. O Apóstolo Paulo escreveu em Efésios 4:21-29 que o que era antes conhecido como erro, deve ser abandonado, pois em Cristo todos são novas criaturas. Quem furtava, não furte mais; quem fofocava, não fofoque mais; quem se drogava, não se drogue mais. E assim por diante, é um evidenciar de uma nova vida a cada dia onde o meio onde se vive perceberá a transformação real na vida de quem professa a Cristo.

Que todos os dias, nossas atitudes sejam como os raios do Sol numa manhã de verão, que aquecem e que clareiam a estrada por onde caminharemos enquanto acordarmos.

Antônio Pompéia

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Todos os meus medos

Todos os meus medos

(Antônio Pompéia)

Todos os meus medos

Traduzidos por palavras

São meios inteiros de dizer

Que tenho saudades por você estar longe

De perder seu cheiro

Que meu corpo recusa esquecer

Que minhas mãos sentem saudades de tocar

Que meus lábios querem beijar

Meus medos são segredos

Escritos em muros nas ruas do meu coração

Que gritam

Não me esqueça

Jamais

Não me deixe

Nunca

Não me abandone

De novo

Tudo é novo

No velho mundo

Mas você

Você

É tudo

O que eu sempre sonhei

Mesmo com medo

Que no maior dos temores

Acreditei

E senti

Mim mesmo

Vivendo

Antônio Pompéia, 26 de Novembro de 2008, às 2:21, de uma noite cheia de saudades.

domingo, 9 de novembro de 2008

Souvenir

Souvenir
(Antônio Pompéia)

Ficou um pouco de você em mim mesmo
Ficou um gosto de você em tudo o que é meu
Ainda sinto a sua mão tocando a minha
Ainda sinto a sua pele na minha boca
E a minha boca com sede da sua.

Ainda tem seu cheiro no meu ombro
Ainda tem seu cabelo nos meus
Tem tudo de você em mim mesmo
E eu hoje me sinto sozinho de mim...
Porque olho e não te vejo senão em imagens
Que o tempo quer apagar
Mas não pode
Ou eu mesmo
Não quero deixar...

Ainda ouço sua voz no meu ouvido
Ainda consigo decifrar o sussurro
Aquele olhar ficou
Pois chegou para ficar
Ficou tudo de você em mim
Porque nada do que se foi se vai
Quando se tem o que temos
Tivemos
Ou pensamos que era
E foi...

Mas ficou...

Ainda ouço seu canto...
Ainda ouço seu riso
E seu pranto que agora é meu
Ainda ficou e me faz lembrar
Que há mais de você em mim
Do que eu em mim mesmo...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 08 de Novembro de 2008, 12:03, num sábado de sol escondido e saudades descobertas...

sábado, 8 de novembro de 2008

A Razão de Tudo

A Razão de Tudo

(Antônio Pompéia)

A Razão da Fome é a resposta do Egoísmo do irmão mais Forte.

A Razão da Guerra é a resposta da Ganância do irmão mais Perverso.

A Razão da Separação é a resposta da Unicidade do irmão mais desejoso de Orgulho.

A Razão das Lágrimas é a resposta da Motivação do irmão mais potente em Rir quando não Sente.

A Razão da Morte é a resposta da Vida inexistente em irmão Nenhum.


Quem se fez irmão, se fez servo. Se fez ouvido para ouvir, se fez carne e se fez, além de tudo, abrigo, amigo, imagem do invisível, abraço, apoio, calor, amor e esperança.


A Razão da Vida é a resposta do Cristo que se fez Morte para que houvesse em mim a vida.

A Razão do Riso é a resposta do dia em que no Jardim Ele chorou para tirar de cada um hoje mais do que um sorriso escondido.

A Razão do Abraço é a resposta do dia em que Ele abriu os braços e deixou que pregassem suas mãos e pés.

A Razão da Paz é a resposta da Entrega daquele que amou até o fim.

A Razão da Abundância de Pão de cada dia, é que, ainda que me falte alguma coisa, eu sei que, por Ele, tudo está a minha disposição.

A maior fome do homem é liberdade.

E na Cruz, Ele disse: Está consumado!

Hoje vós sois livres.


Você é a razão da fome de alguém?

Seja de pão ou de liberdade, não seja omisso e nem acuse a multidão.

Você é a razão da guerra em alguém?

Seja o porta-voz da mensagem pacificadora e se for o caso, levante você primeiro a bandeira branca.

Você é a razão da separação?

Estenda os braços, crie coragem e solte a voz... Emitindo a canção da reconciliação.

Você é a razão da lágrima de alguém?

Seja o motivo de alegria no seu pedido de perdão. Não permita que seu coração seja um cemitério onde pessoas jazem em túmulos de amargura.

Você é o motivo da morte de alguém?

Aquele que odeia mata um ao outro.

Abre teu bom tesouro, seu coração, e compartilhe com os que estão sem esperança.


A Razão de tudo é Cristo.


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 11 de Setembro de 2006. 11:24 h.

Minha descoberta...

Minha Descoberta...
(Antônio Pompéia)

Descobri que nada do que muitas vezes sonhamos para este tempo verdadeiramente é o tempo certo para o coração.

Descobri que poetas deveriam nascer com coração à prova de raios, e que estes raios, instantaneamente, matam tudo o que as nuvens regam com águas... E por isso, os poetas se fazem água... E essas águas, na maioria das vezes, tornam-se ribeiros e mares de lágrimas que afogam e ressuscitam corações vivos... Principalmente os que não são de pedras...

Descobri que nascer com alma poética é nascer com gosto de melancolia e estar posto para viver, às vezes, a beleza sozinho... Sem saber se outros vão ver com os olhos a própria alma que a beleza da existência tem...

Mas descobri que a alma poética indica vida...

Coisa que corações de plásticos e de pedras não têm...

Descobri muito... E resolvi conjugar...


Pretérito-mais-que-perfeito...


Mas estou no gerúndio...


Vivendo...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 05 de Outubro de 2008, 23:01, em resposta no que diz respeito ao estado da minha alma...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Meus Versos...

Meus versos...

(Antônio Pompéia)


Você diz que eu escrevo

Mas eu sei que é só lampejo,

Porque sei que o seu beijo

É sempre o meu melhor verso...

Imerso...

Inverso...

Em tu,

Em mim,

Para sempre.

Porque que sei que o seu verso

É o meu melhor beijo;

E os meus melhores

Sempre serão seus...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 07 de Novembro de 2008, 1:01 da Matina, enquanto estourava a pipoca para assistir Max Payne...

Acróstico da Alma

Acróstico da Alma

(Antônio Pompéia)


Diante de tantos abismos,
De aparentes infindáveis vales,
De sol que se demora no outro meio do dia em meio à noite da alma,
De horas intermináveis de uma viagem insólita em desertos.
Onde se busca um abrigo, uma fonte, um momento de descanso,
Onde se possa fechar os olhos e molha-los sem medo,
Onde se possa cantar um hino em absoluto silêncio,
Onde se possa ouvir o Eterno Antes, Além e Agora, além dos ditos que emudecem em ritos.
Recitando versos que parecem mortos em busca da melodia da vida,
Regando jardins secos com águas de sal,
Reerguendo-se a cada dia com a força que não tenho,
Reconhecendo aquilo que em mim era desconhecido.
Ando.
Aonde vou?
Ainda não veio.
Ainda sigo porque é.
Retorno à vida.


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 17 de Outubro de 2006. 14h23min.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A Graça da Graça...

A Graça da Graça
(Antônio Pompéia)

A Graça que me faz bem quando tudo o que há em mim é mal
Ela me conta uma história
Ela me fala com uma verdade que vasculha as entranhas das cavernas
mais profundas da minha alma
Ela dirige meus passos quando estou perdido
Ela me chama pelo nome quando me esqueço de mim mesmo
Ela me pega pelas mãos quando me encolho em meus túmulos
Ela me traz para fora quando tudo para mim é prisão
A Graça que me faz bem quando tudo o que há em mim é mal
Ela me fala da vida
Ela me faz contar as estrelas e me lembra de quantas promessas que eu tenho, das que fiz e das que ouvi
Ela é a Graça
Incomparável Graça que vem de Deus...
Que me faz muito bem quando tudo o que há em mim me faz mal...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro,
18/05/2006 11.25hs

Elementos

Elementos
(Antônio Pompéia)

Ventos que sopram
De dentro da alma
São sementes na terra
Que espera pela manifestação da vida.

Águas que jorram das fontes
São combustíveis para os sonhos
Que geram frutos e que alimentam
A esperança, a fé e o amor que sustenta tudo.

Fogo que queima dentro do peito
Ascende a chama apagada pelo frio da noite escura
Que assusta e encolhe o ser
Que deseja estar próximo da luz do dia perfeito.

Terra sagrada é o campo do coração
Onde e quando se abriga com fé a semente
Florescem renovos de ânimo e coragem
Que faz levantar e andar o cativo que se liberta.

Inexplicável é o Amor que se expressa nas marcas
Das mãos e dos pés do Cristo na Cruz
Que ferido e humilhado, profere perdão e
Com graça e com força o elemento maior.

Antônio Pompéia(metade em maio / e a outra metade em Junho de 2006) no Rio de Janeiro.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Meu Instante Seu...

O Meu Instante Seu

(Antônio Pompéia)


Você me ganhou em um instante,

Como quem se rende no último suspiro,

Conhecendo a eternidade,

Num olhar paralisante,

Onde não há forças para lutar contra

E onde há paz por ser vencido.

O meu instante seu,


Suficiente para ser para sempre...


Antônio Pompéia, 15 de Maio de 2008 – 1:38 - num tempo calmo e tranqüilo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Aviso-Prévio

Não assustem com o teor e o interior de alguns textos recentemente postados... Ver poesia e arte é uma arte...

Abraços,

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 31 de Outubro de 2008, as 11:14 da manhã de uma Sexta-Feira com cara de chuva...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Das Entranhas

Das Entranhas
(Antônio Pompéia)

Veio de maneira visceral.
O desejo tomou forma como um impulso vindo das mais profundas entranhas.
Um sentimento vivo, não planejado, que pariu a certeza em meio as angústias do sim ou do não. A força do desejo o fez pensar em cair de joelhos para abraçar aquela que o receberia por inteiro e com volúpia escancarada. Suas expressões se tornaram verdadeiramente destituídos de escolhas enquanto tudo naquele exato momento lhe parecia ser imarcescível. E era.
A sensação da dor e da agonia seria seguida pelo alívio com sons que ecoariam no vazio do espaço em melodias desconexas e harmonias mudas. Não era a sua primeira vez. E ele sabia que também não seria a última e, por isso, teve pressa em correr contra o tempo e perguntar:
- Onde posso vomitar?

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 09 de Junho de 2008, 16:53, durante uma aula de filosofia, em uma Segunda-Feira que começou cansada...

Exumação de Mim Mesmo!

Exumação de Mim Mesmo

(Antônio Pompéia)


Arranca pedaços de mim mesmo e diz que faz parte de mim?

Arranca fibras do meu coração e diz que mora nele?

Arranca lágrimas da minha alma e me oferece lenço para enxugar meus olhos?

Arranca sonhos dos cemitérios do meu espírito para depois me cremar?

Arranca minha solidão para me deixar mais sozinho agora?


Exumo a mim mesmo para buscar a vida de volta...


Eu sei que preciso arrancar o que me fez viver e morrer... Mas até agora estou sem forças de dizer, de fazer, de levantar os olhos...


Ainda estou em pedaços

Com o coração partido

Com os olhos molhados demais

E me encolho no meu túmulo, novamente...

Sozinho...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 27 de Outubro de 2008, 12:14... com tudo isso o que escrevi multiplicado por mil...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Sonhador Nos Campos de Extermínio

O Sonhador Nos Campos De Extermínio
(Antônio Pompéia)

Vivemos em um mundo de vale quanto pesa.
Vale quando pesa a carteira?
Vale quanto pesa a beleza?
Um mundo de vale tudo para alguns que não valorizam,
A não ser e às vezes nem a si próprio, e nada mais.
E muitas vezes não sabem disso.

Vivemos num Campo
Campos dos Sonhos
Num campo onde se matam sonhos
Exterminam-se flores,
Em campos que morrem...


Vivemos em Campos,
Com agricultores, doutores,
Que por vezes matam flores que exalam...

Sentirão falta de flores que exalam?
Quando acordarem...
Sim,
Quando acordarem...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 12 de Junho de 2008, começo de uma quinta-feira como todas as outras para flores mortas... 3:38 hrs...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

De repente, canto...

De repente, canto...
(Antônio Pompéia)

Quantas vezes levantei meus olhos à procura de uma nuvem
Que viesse me encher de esperança para ver novamente algo regar a terra seca consumida pela seca da tristeza.
Quantas vezes levantei a voz e busquei forças
para o canto que estava preso
Se desprendesse em melodia de uma cantiga esquecida...
Quantas vezes levantei com vontade de deitar,
Quantas vezes sorri com vontade de chorar,
Quantas vezes orei com vontade de calar,
Quantas vezes...

E de repente, não mais que num instante...
Veio a chuva e devolveu-me a paz;
Veio a água e matou minha sede;
Veio o ânimo da alma e a fez cantar,
E de repente, não mais que num instante...
Eu vi a harmonia do céu e a terra dentro do meu coração
E me lembrei do som da voz da alegria ecoando...

Agora me levanto e quero estar,
Agora meu choro é de alegria,
Minha oração já não é lamento
E sim, motivo de contento
E canto a cada instante por estar perto de ti...

Os dias e o tempo podem levar tudo o que sou
Mas jamais poderão apagar
O que ganhamos,
O que vivemos,
O que amamos.
Eu vivi,
Eu amei...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 16 de Outubro de 2008, às 2:20 da madruga, e eu aqui pensando em como dizer o quanto é precioso o estar ao lado de quem me devolveu a vida e a graça nela...


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Queimando Pontes

Queimando Pontes
(Antônio Pompéia)

É a grande surpresa da verdade que se busca
Encontrada a cada instante que se respira.
Cada passo é uma decisão
De vida para o que há de vir a ser...
E de morte para o que já se foi...
É o atravessar da ponte que nos separa
Do passado e do futuro
E que aponta para o dia de hoje.
Ação.
Até papagaios podem falar,
Repetir textos decorados
Para agradar quem lhes rouba a liberdade.
Queimemos a ponte que ficou para trás
Para que não haja meios de fuga
Para o que nos amordaçava com as cordas do medo
Não tenha mais força para nos fazer voltar.
Marchemos.
Enfrentemos.
Lutemos.
Para que então possamos ver
Que a alegria vem com a liberdade
Que a liberdade vem com a força
Que a força vem com a alma
Que a alma vem com o amor
E que amor
O amor...
O amor supera tudo.

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 06 de Outubro de 2008, 3:48 da matina... Ouvindo Segredos de mim mesmo e pensando nas pontes que incendeiam atrás de mim...

domingo, 5 de outubro de 2008

Sete Palmos

Sete Palmos
(Antônio Pompéia)

Queria ter forças para crer que
A liberdade está tão perto
A paz está mais ainda
Que Sete palmos me esperam num abraço
Para onde vou de onde jamais deveria ter saído

Queria ter forças para poder não gritar mais
Para poder calar meu rosto
Para poder falar como quem fala com pedras
Para saber fazer o que preciso e não sei
Como eu gostaria...

Se eu pudesse ser quem você gostaria...
A esperança jaz na decisão de quem a tem...
Se eu pudesse ser quem você gostaria...

Antônio Pompéia, 05 de Outubro de 2008, 16:03, como quem tem um pássaro cantante nas mãos e as abre dando liberdade para que o seu vôo e canto sejam eterno...

PS: Meus braços medem 3,5 palmos cada um. Quando esticados para abraçar alguém que amo pode-se entender via lógica: 3,5 palmos + 3,5 palmos = 7 palmos...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Incrível e Maravilhoso Mundo dos Homens de Plástico

O incrível e maravilhoso mundo dos homens de plástico
(Antônio Pompéia)

Escondidos em guetos dentro de uma cidade perdida,
Homens e mulheres,
Habitantes e fugitivos de seus próprios labirintos,
Feitos como fortalezas,
Despedem-se uns dos outros,
Esperando que a noite seja calma,
E que os sonhos tomem vida durante o sono...
Lá fora o vento assovia uma canção tétrica
Assombrando e fazendo lembrar os dias
Em que cada um sonhava em ser um só
Acreditando que poderia haver calor na carne e na alma
Coração além da razão,
Mas a mecânica da força
E a força da máquina subiram no pódio.
Os que queriam ter alma
Eram tidos como fracos
Quem tinha coração era tido como perigo para a cidade de pedras
Porque o mundo era dos homens de plástico
Que não sabiam a melodia da canção do amor
Que não queriam a delícia da alegria de vida
Que não podiam ver que o plástico não tem gosto,
Que não podiam sentir que os olhos que melhor vêem,
Vêem não fora, mas dentro...
Homens de plástico não choram...
Homens de plástico não sonham...
Homens de plástico não amam...
Homens de plástico não sabem cantar...
Mas de que importa?
Se no mundo dos homens de plástico
Tudo é maravilhoso porque se moldam conforme o que querem ter
E não conforme o que desejam ser...
No mundo dos homens de alma
Os sentimentos são vivos e não há vergonha em declarar paixão
A esperança ainda que calada move as montanhas do medo
E faz da noite um motivo de canto e de encanto pelo dia que vem
Fazendo de cada dia um dia especial para celebração da vida...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 02 de Outubro de 2008, 3:36 – sonhando, cantando e sentindo o coração aquecido...

Barcos

Barcos

(Antônio Pompéia)

Aonde os barcos vão

Com seus capitães?

Noite escura

Mar revolto

O único ruído

Vem um som

Do céu do coração

Que precisa ser vivificado

Vela acesa

Única luz

Barco e lua

Lua e rede

Rede e peixe

Que sustenta a vida

Que mantém esperança

Esperança que também move o barco

Move capitão

Move a vida da mulher do capitão

Que o permiti entrar no abismo

Que o permiti enfrentar as trevas

Que entra com a esperança de voltar

Com algo para a vida

Que seja ela então estendida

Por causa da esperança que arde no peito

Pela fé esquecida jamais

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 02 de Outubro de 2008, 10:04 – porque é nas pequenas batalhas que se vencem grandes guerras... A estratégia da vida é saber discernir o que é, do que pode vir a ser e o que já foi...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Música para os meus Olhos

Música para os meus olhos

Antônio Pompéia


Eu sei dizer

Quase tudo o que quero dizer

Quando escrevo

Mas não tudo quanto sinto

Não tudo quanto sinto...


Pois tudo o que eu sinto,

Só sei dizer assim,

Com palavras faladas com beijo

E meus lábios

colados

nos seus


Com palavras caladas com canto

Da alegria

quando seus lábios

tocam os meus...


Você é música para os meus olhos...

do coração...


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2008, 02:58... pensando em como dizer o que tenho que dizer...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Direto

Direto
Antônio Pompéia

Eu quero ser direto
E dizer tudo de uma só vez
Porque às vezes eu me esforço demais
Para que você possa me entender

Eu sei que às vezes falo tudo
E ainda assim, falta um pouco mais
Porque não sei como explicar
Meu bem,
O bem que você me faz...

Não quero mais andar em círculos.
Eu quero andar só com você,
Pois sou direto no que digo agora em uma só frase para você me entender, e quem sabe....
O mundo inteiro,
Possa então saber...

Eu amo você...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 15/09/2008 - 14:41 - numa aula "legal" de Lógica Clássica...

Três para às Cinco e os meus Segredos... (16:57)

Três para as Cinco e os meus Segredos... (16:57)
Antônio Pompéia

O Segredo da cozinha é o fogo brando, já dizia a minha mãe.
O Segredo do amor é o fogo eterno, como diz meu coração.
Eu nunca soube ser metade; nasci para ser inteiro.
Tudo o que sinto, eu digo; e eu sei... eu pago um preço caro por isso, sempre.
Minha fala, meus amores, minha vida são testemunhas do que eu sou.
Nada do que eu sinto eu consigo esconder.
E eu nunca nego o que eu sou, o que tenho e o que quero.
Sei que o segredo do negócio é saber manter o segredo e,
Por isso,
Às vezes,
Eu pareço chorar em cantos,
Porque não há mais encantos no ar.
Mas quando eu amo, eu não tenho medo!
Para mim mesmo, eu digo, o segredo do amor
É o fogo aceso, terno e eterno.

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 15/09/2008 – 16:57 da tarde com chuva fina...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Chuva...

Chuva
Antônio Pompéia

As nuvens
Às vezes são como olhos que choram
Lágrimas que caem de um céu de promessas
De esperanças que ainda não vieram a ser
Mas que quando tocam o solo do coração
Fazem brotar as sementes dos sonhos
E fazem acender luzes
Como luzes que sustentam barcos
Envolvidos nas trevas do abismo dos mares
Encorajando pescadores
Em busca do alimento para a vida
Para a alma
Para a calma da paz que só a segurança traz...
A chuva cai como lágrimas
Molhando o rosto da Terra do Coração de um homem
Mas a esperança se acende a cada dia
Como o sol que não se deixa de nascer...

As nuvens
Às vezes
São como olhos de homens que choram
Lágrimas que caem de um céu tingido de vermelho e preto,
Mas a esperança se acende a cada dia
Como o sol que não deixa de nascer...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 31 de Agosto de 2008, 2:41 de uma madrugada chuvosa...

Fogo do meu Fôlego de Vida

Fogo do meu Fôlego de Vida
Antônio Pompéia

Você apareceu
De repente
Num dia de frio
Em meu coração
Como tudo que é belo
É natural
Nada assim
Como tão normal
Aqueceu meu coração
Fez meus sonhos acordar
Como mágica num olhar
Um sorriso
Um abraço
Nada assim
Como tão normal
Aqueceu meu coração

Agora o que eu faço de mim mesmo?
Quando em mim
Quando em cada pedacinho de mim
Cada pedacinho de mim mesmo
Sussurra estar contigo...

Eu sei,
Não sou ainda tudo o que você deseja que eu seja
Mas uma coisa eu sei
Você é tudo o que eu quero para mim...

Agora o que eu faço de mim mesmo?
Quando em mim
Quando em cada tudo o que há em mim
Chama pelo teu calor,
Meu amor
Por favor,
Vem me aquecer...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 28 de Agosto de 2008, 2:25... com saudades de você...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Não me impeça de dizer que eu te amo
(Antônio Pompéia)

Não me diga que eu não posso
Sentir seu cheiro e sonhar de novo
Não me diga que o que eu sinto agora
Pode ser apenas algo simplesmente passageiro.

Eu sei, tenho defeitos,
Sim, eu sei.. Sei que são tantos
Mas saiba que nem um deles
Chega perto da virtude da beleza
Da certeza que eu sinto,
Quando eu digo que te amo.

Por isso,
Tire-me o ar,
Me impeça de respirar,
Tire-me o chão,
Me impeça de ter como andar,
Tome-me o tempo,
Me impeça de notar,
Mas nunca,
Nunca, jamais...
Não me impeça de dizer que eu te amo...

Tudo o que eu digo para você é pouco
Perto de tudo o que eu sinto por você...

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, nas primeiras horas (2:06) de 12 de agosto de 2008, cheio de esperança pelas sementes que rego no solo do coração...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Um Por Todos e Todos por Um...

Um por todos e todos por Um – Um conto verdadeiro
Antônio Pompéia

Era uma vez um jardim.
Um homem estava no jardim.
O jardim e o homem estavam felizes, mas faltava alguém para o homem.
Era uma vez um homem e uma mulher.
E os dois eram felizes. Mas veio o abismo.
Era uma vez um abismo. E o abismo separava o Criador desse jardim do homem e da mulher. E o abismo os dividia e havia nascido a morte.
Era uma vez a morte. A morte assustava o homem e a mulher. E o Criador atentou para eles. E o Criador prometeu redenção.
Era uma vez um Rei. Um Rei que desceu do seu trono para lutar pelo seu povo. E o seu povo não o reconheceu quando Este desceu pelas ruas da cidade sem paz mesmo chamando Cidade da Paz. E o rei prometeu o perdão.
Era uma vez uma cruz. E a cruz levou a vida do Rei pelo abismo da separação do Seu povo. E o seu povo não entendeu, e o levaram para o sepulcro.
Era uma vez um sepulcro. Bem lacrado com guardas treinados. Mas a morte não pode guardá-lo. Estava consumado. Está consumado.
Era uma vez a morte. Era uma vez o abismo.
Um morrendo por todos e agora todos morrendo por um. E a morte, agora, não mata ninguém, mas sim, devolve o que lhe foi tomado.
Era uma vez, de uma vez por todas, eternamente:
A verdade que vence a maldade,
A bondade que embota o egoísmo,
A alegria que semeia a paz,
A paz que brota na terra,
A terra que planta jardim,
O jardim que junta as flores,
As flores que embelezam a vida,
A vida que perfuma a alma,
A alma que canta a volta,
A volta que é tão eminente.
De mãos dadas, por um que é por todos e todos em tudo que somos,
Por causa de um...

Com saudades de casa,
Antônio Pompéia...
Em mim mesmo, interior de São Paulo, 1:16 de 26/07/2006.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Não apenas mais uma canção de amor...

Não apenas mais uma canção de amor
(Antônio Pompéia)


Esta tristeza disfarçada de poesia
Feita de pó da terra do meu coração
Quem me dera fosse agora alegria
E compor amor para ti em uma única canção.

Esta saudade que eu sinto
Tudo isso que não consigo esconder
E quando choro, você sabe, eu não minto
Pra você, meu amor, não consigo esconder.

Por que é sagrado seu olhar
E o sagrado é estar
Ao seu lado
E cantar melodias com os meus olhos em você.

Que nada de tudo isso se apague com o vento
Que nada de tudo o que sinto se cristalize com frio
Que tudo o que é liquido seja sempre para nossa sede
Que tudo o que nos alimenta seja eterno enquanto dure

Porque viver o eterno sem você não tem sentido
Outros braços eu não quero conhecer
Outra boca eu não quero então beijar
Porque de você, meu amor, eu não consigo esconder...

Esta canção mais que canção,
Minha declaração de saudade e dor
Tudo em você me inspira ser
E compor, para ti, para sempre, mais do que uma canção de amor.

Antônio Pompéia, 01 de Agosto de 2008 – 3:29 de uma madrugada poética...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Antes que o dia termine...

Antes que o dia termine...
(Antônio Pompéia)


Diz o sábio que antes que o dia termine,
Não se deve guardar a ira,
Nem deve se pôr o Sol,
Antes que a amizade seja amizade de novo.


Antes que o dia termine,
Também não posso esconder de você,
Aquilo que me faz claro cada meu amanhecer,
E que me aquece no decorrer de todo o dia.



Antes que termine o dia,
Quem sabe de amigo sejamos mais,
Quem sabe de filhos sejamos mais,
Quem sabe se de dois não sejamos um.
Antes que termine o dia,

Seria omissão,
Não sussurrar esse verso para você...


Antes que termine o dia...
Desejo-te tudo de bom para nós dois...


Antes que termine o dia....


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro 10 de Junho de 2008 – 23:16 hrs. Em uma terça-feira transbordada de poesia por causa dos vapores poéticos...

O Canto da Sereia e o Marinheiro dos Sete Mares.

O Canto da Sereia e o Marinheiro dos Sete Mares.
(Antônio Pompéia)

Era um entardecer que fantasmagoricamente via-se envolvido por uma bruma que impedia uma visão mais ampla do que se alcança um braço adiante da proa do velho navio. Ainda com o olhar enigmático e questionador que se voltava da garrafa de rum, agora vazia, Jimmy Ben Aaron se esforçava para encontrar e conseguir ver de onde veio o primeiro barulho que notara há alguns instantes quando ainda se encontrava no porão.

Já no convés e andando com extrema lentidão para não ser visto de imediato ou assustar o que promovia ou emitia os sons, o primeiro momento se ateve sem respirar, como quem buscasse até dentro de si mesmo o som que era por demais encantador. Primeiramente imaginou que o vento milagrosamente assobiava uma melodia perfeitamente afinada. Deixando-se cada vez mais ser encantado pela leveza do som, aos poucos foi percebendo que era um cântico. Era algo divinamente comparado com uma voz angélica enquanto invadia o coração e a alma do velho marinheiro.

Jimmy era um homem perceptivelmente sonhador em relação a vida no mar. Queria visitar Atlântida, conhecer Netuno e viajar vinte mil léguas em um submarino. Amava a solidão do mar e a reflexão acerca das coisas que não haviam respostas engessadas. Era tão livre por dentro como por fora. E de certa forma gostava de dizer que era filho do vento, que ia para onde ninguém sabe e vinha de onde também ninguém nunca imaginaria. E aquele cântico era mais embriagante do que mil garrafas de rum. A melodia havia encantado a sua alma. E o homem começou a sonhar por alguns instantes até que suas sobrancelhas se levantam na mesma medida que seus olhos são curiosamente fixados numa figura feminina que parecia pairar sobre as águas.

Instantaneamente um vento suave invadiu seu peito e a camisa que era aberta até o meio do seu ventre foi apertada pelas mãos num ato de resistência ao que parecia um toque dos lábios enviado por aquela a quem lhe estava a espreitar e que agora ele já via claramente.

Seus olhos dançaram com os dela por horas a fio. Imaginou suas mãos desembaraçando seus cabelos enquanto ela movia cinematograficamente seu rosto ao contemplar o luar que já apontava para um horário avançado. Cada vez que sua boca se abria, os lábios e a sua voz liberavam uma sinfonia que parecia estar perdida ou aprisionada há milhares de anos dentro do coração. E ele cantava no seu íntimo. De alegria e de tristeza, porque o que é belo sempre enche os olhos de lágrimas e tem um tempo limitado.

Ela achegou-se a ele e ele a ela. Cabelos negros, levemente encaracolados e majestosamente belos. Sua pele branca denunciava o medo do sol ou da luz do dia alto. Suas mãos eram firmes e ao mesmo tempo delicadas como plumas que viajam na valsa da brisa. Seus olhos eram caçadores enquanto os lábios de sua boca eram desenhados com maestria. Era a figura mais próxima da perfeição da beleza.

Sem questionar, talvez pelo medo de resistência mas sabendo que ele se rendia, ela o tomou pela mão e fez menção de que se agradara de seu cheiro. Ela sorriu em sua mente. Ele respondeu em seu coração. Nada mais importava. Estava decidido: iria com ela para onde quer que fosse. Ele deixava naquele instante de ser filho do vento para ser filho do mar, pois naquele exato momento, ele era como um feto que ao invés de sair, entrava para o útero das águas.

Viver, as vezes, é morrer para si mesmo. E a graça que torna o ser em si feliz sabe recitar versos para que a vida seja poética. Palavras e cânticos são ingredientes do encantamento da vida e da esperança enquanto nos mares da vida, do balanço do barco e na força do vento, uma sinfonia é trilha sonora de quem se aventura a conhecer a si mesmo. Viver, as vezes, é morrer para si mesmo e permitir que novamente exista vida no encanto oceânico da alma.

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 30 de Julho de 2007. 14:48.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Contando meus Dias...

Contando meus dias...
Antônio Pompéia


Se eu pudesse desenharia seu nome com nuvens
E o céu como pano de fundo de uma história de amor
Faria de seus braços minha morada eterna
E do que há em meu coração sua casa...

Eu conto meus dias depois que te conheci
Eu canto meus dias depois que te vi
Eu sei, parece bobagem;
Mas me sentiria em Marte se não falasse o que sinto.

Eu caminhei centenas de milhas procurando
Buscando e fazendo uma prece silenciosa
Quando dentro do coração ansiava o que em você vejo hoje
E desde agora para sempre,
As vezes me pego sussurrando seu nome sonhando acordado...

Rio de Janeiro, 7 de Julho de 2008 – 14:12 de uma Segunda - Feira cheia de saudades...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Uma Graça que me torna Feliz

Uma graça que me torna feliz.

Antônio Pompéia

- Plaft!

Veio como uma onda que bate forte nas costas enquanto se olha para a areia da praia com a sensação de desolamento como de quem vê uma cidade em ruínas. Inesperadamente, tomado pela beleza da esperança, um homem sonha enquanto a força desta onda o leva de volta a terra firme da utopia da vida. A força desta se repete como um mantra, seguida vez após vez como se o próprio mar se levantasse para recitar um cântico de louvor ao Criador. E esta força é cheia de graça, aquela que lhe torna feliz.


Um novo suspiro. Uma janela se abre e a luz dos seus olhos a convida para uma sala e, repentinamente, sem aviso prévio, ela se instala em seu coração, sem que antes ele pudesse respirar. Um novo suspiro. Agora de paz. Uma paz maior que se assemelha a mãe que procura o filho perdido na multidão, e que, abraçando-o em meio às lágrimas que regam as boas sementes, não se cansa de recitar versos de amor embalados pelos braços e confirmados pelos lábios e o calor do coração.


A aurora veio como um sorriso nas trevas. Aquela sensação de abandono parece ser sufocada pela emoção não mentirosa da presença dela. Engravidado pelas palavras que ela sussurra em seus ouvidos, ele gera a vida novamente em si mesmo e, imarcescivelmente, as cores e os perfumes das flores permanecem eternas embriagando como Absinto um milhão de beijos elétricos.


Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 26 de Julho de 2007 - 17:23 da Tarde chuvosa, fria e tétrica, mas poética...


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Das tripas, coração...

Das tripas, coração...

Antônio Pompéia

“Das tripas, coração”. Adélia Prado, inspirada, poetizou um dito popular. Encantou com palavras uma expressão que faz sentido a vida. Ser capaz de transformar as vísceras em expressões de amor. Isto é coisa de quem sabe o que é poesia, de quem fotografa jardins com olhos da alma quando tudo é sequidão ou, ainda, de quem consegue pintar a beleza diante do caos quando, nas entranhas do próprio ser, as cores já se tenham desbotado ou se perdido no fim de um dia soturno.

Das tripas, coração. A intensidade do amor confesso é externalizado, por muitas vezes, do íntimo de um coração apertado, esmagado pelas prensas psicológicas e ferido por causa da frieza dos ventos que sentem quem é deixado do lado de fora, ou na maioria das vezes, de lado.

Das tripas, coração. É a lágrima que rola com sentimento de não esperar nada em troca. E a lágrima rola, não por causa de uma esperança não alcançada, mas por causa da alegria de se fazer por esperar que alguém, além de si mesmo, viva mais.

Das tripas, coração. Do jardim para a cruz. Da cruz para um canto frio. Mas quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feita pelo coração? Assim cantava o poeta... E assim, o grande Autor das coisas feitas pelo verdadeiro coração que se move de intima compaixão, fez brotar água em olhos que estavam sedentos de esperança. A noite pode durar uma vida de choro, e a morte pode durar três dias, mas o sal da dor será vertido em riso, porque serão limpos, de todos os olhos, todas as lágrimas.

Das tripas, coração...

Antônio Pompéia. Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2008. 1:41 hrs. de uma noite fria, de ventos gelados, e de tripas e coração.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Este Silêncio de Você...

Este silêncio de você...

(Antônio Pompéia)

É como se não houvesse mais pássaros,

Pois o canto cessou,

O riacho secou,

E o sol se esqueceu de se por.

Este silêncio que me enjaula

Que mumifica-me com ataduras de saudade,

Que de tão só, grita e agoniza pela sua companhia.

Este silêncio de você.

É como querer contar estrelas não tendo céu,

Buscando brilho onde as cores se escondem,

Onde me vejo em mim mesmo,

Quando em mim mesmo reina,

Este silêncio de você.

Traduzindo,

Hoje eu sinto saudade.

Rio de Janeiro, nas primeiras horas de 5 de Maio de 2008 – 2:47 hs.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

O meu instante seu. Nossa eternidade...

O meu instante seu. Nossa eternidade...

(Antônio Pompéia)

Você me ganhou em um instante,

Como quem se rende no último suspiro,

Conhecendo a eternidade,

Num olhar paralisante,

Onde não há forças para lutar contra

E onde há paz por ser vencido.

O meu instante seu,

Suficiente para ser para sempre...

Antônio Pompéia, 15 de Maio de 2008 – 1:38 da madruga...

Amor

Amor

(Antônio Pompéia)

Amo-te de paixão...

De amor mais que amor,

De carinho que faz esquecer dor,

De sua presença que afasta fantasmas,

De seu sorriso que me traz graça e alegria,

De seu abraço que conforta,

De sua pele que me aquece,

De seu cheiro que me encanta,

De seu corpo que me faz lembrar que em mim mesmo está você...

Um beijo seu cessa o pranto,

Seu olhar se faz encanto,

Sussurrar é poesia

Quando você me detém em estrofes

Escritas em suas mãos.

Antônio Pompéia, 15 de maio de 2008 – 1:22 da madruga...

Amanhã...

Amanhã

Um lamento de hoje que não servirá para outro dia.

(Antônio Pompéia)

Amanhã é o dia em que o preguiçoso acordará em si mesmo e começará a trabalhar,

Amanhã é o dia em que ninguém deverá esquivar-se ou se esconder do que clama,

Amanhã é o dia em que devemos nos sentar e escrever

Aquelas cartas de amizade nos quais pensamos na noite que passou.

O dia em que seremos amáveis e seremos bons,

Amanhã é o dia em que viveremos como devemos.

Amanhã é o dia em que nossas dívidas serão pagas,

Quando ninguém sobre esta Terra cometerá os mesmos erros novamente,

Amanhã é o dia em que os maus se arrependerão; se contristarão pelos seus feitos.

O dia em que o tirano sem misericórdia será imparcialmente piedoso e sua ira abrandada,

Amanhã é o dia do milagre que tantos esperam ter,

Quando ninguém mais terá fome de conforto ou de alegria.

Amanhã é o dia em que o avarento se tornará bom samaritano,

O egoísta em amigo sincero e despretensioso,

O dia em que o homem ocupado terá tempo para brincar com seus filhos,

Será o dia em que um ajudará o outro que está lutando para levantar-se,

E o grande dia de reflexão para quem nunca parou para pensar no valor do instante,

E os alcoólatras, de beber a própria vida, cessarão junto com a dor das feridas abertas.

E então será o dia, o grande dia, o dia de tomar o cálice da alegria da vida.

Amanhã será o dia em que os tolos tornar-se-ão sábios,

O dia em que cedo se levantarão os doentes de seus leitos de morte,

O dia em que os rudes se tornarão gentis, e falarão com brandura,

O pecador será chamado de santo e as aparências trocadas pela essência,

Os amargurados não mais se queixarão,

E o espetáculo do amanhecer e entardecer será tido como um momento de adoração,

Fazendo reverência ao Criador que se assentará no trono do coração de cada um.

Essa utopia é alcançável se cada um desejar que o amanhã se torne em hoje,

E o hoje é agora...

A oportunidade de fazer o bem,

De não deixar para amanhã a cura que ressuscita hoje,

Que limpa as lágrimas que caíram e que desenha sorrisos nas faces enrugadas.

Viva hoje como se o amanhã pudesse não chegar.

E pode ser que não chegue.

Antônio Pompéia, Rio de Janeiro, 19 de Junho de 2007, 14:41, tentando montar meu quebra-cabeça de mim mesmo.